Sábado encontrei um caderno com algumas anotações, talvez de dezembro de 2.010. Era uma lista, lista de algumas coisas que pretendia realizar em 2.011. Risquei três itens que consegui colocar em prática.
Duas semanas para o fim de mais um ano.
Para a lista do próximo ano, talvez eu só tenha um propósito: Conseguir paz de espírito.
Sexta, escolha. Fui ao cine, meio com o pé atrás, assistir "La piel que habito", de Almodóvar. Não gosto do Antonio Banderas.
Como assim esse roteiro não saiu da cabeça do Almodóvar? Pois é, só eu não sabia que o filme foi inspirado no livro "Tarântula" de Thierry Jonquet. E não pretendo ler. É um filme delirante. Fiquei perplexa quando entendi (e nem era tão difícil) a jogada do roteiro. O filme acaba daquele jeito, do jeito Almodóvar, e depois que pensei: "E quando achei que nada mais me surpreenderia...", sobem os créditos e vejo o tal de "inspirado no livro..."
Continuo não gostando do Antonio Banderas, ele tem a maior pinta de canastrão.
Sou mais o penúltimo, "Los abrazos rotos".
Senti falta de todas aquelas cores tão peculiares dos outros filmes.
Creio que a coisa mais cruel que alguém pode fazer comigo, é me ignorar. Até o primeiro dia do mês passado eu era legal, mas isto durou até a página 2.
Ela é comum. Não é feia, nem bonita. É comum, como qualquer outra mulher deste mundo. Não é vulgar, mas também não tem bossa. Parece aquela prima mais velha ou aquela vizinha que depois de deixar as crianças na escola, vai à feira e compra frutas da estação.
Comum, como os dias cinzas em plena primavera paulista.
É possível rir, do rabugento Roberto (Ricardo Darín) e muito mais possível chorar com o simples e absurdo, belo, engraçado e dramático:"Un Cuento Chino". O riso sai escancarado, e as lágrimas... Finalizaram essa sexta-feira. Sinto-me renovada.
A cada dia que passa tenho mais certeza, de que devo procurar alguma atividade profissional paralela à minha formação acadêmica. Penso em fazer um curso de corte e costura. Sim. Você sabe como é difícil encontrar uma costureira bacana? Dizem que é difícil. Particularmente não sei, mas estou na fase de imaginar que estou escolhendo tecidos, linhas, aviamentos, que estou pilotando a máquina de costura da minha mãe, confeccionando um chamise.
Ontem saí do trabalho com a grande vontade de assistir Melancholia, de Lars von Trier. E assisti. É um belo filme, não é apenas sobre o fim do mundo, do que vai acabar. É também um filme sobre as questões pessoais, internas, emocionais, das personagens principais: Justine e Claire.
Faltou ar às vezes, em algumas sequências e sobretudo na sequência final. Uma agonia, talvez.
E a frase de Justine, que me trouxe uma sensação tão familiar:
"Quando tento caminhar, sinto um fio de lã, cinza e grosso, enrolado às minhas pernas". É uma explicação para o que algumas pessoas sentem em determinados períodos e pensei imediatamente: "Eu sei do que ela está falando...".
Penso que não é possível sair intacto depois de assistir a um filme de Lars von Trier. Foi assim em "Dançando no escuro", "Dogville" e agora em "Melancholia".
Nervosismo ao quadrado hoje, respire fundo. Sua saúde ainda está vulnerável e sensível a remédios e demais drogas. Um ideal de amor também pode agir como droga pesada, tirando você do chão. A decepção será um prazer todo seu, divirta-se!
Ontem, pouco antes das 16:30, eu nem conseguia respirar direito. Eram pensamentos sobre arcar com minhas responsabilidades ou irresponsabilidades, que seja. Engraçado como nos minutos subsequentes, quando tudo voltou ao normal, a primeira atitude que tomei foi tão igual a tantas outras: totalmente dispensável.
Era aquela cratera gigantesca, impossível não vê-la, e você escolhe cair. E deixa-se levar. E tudo que eu tinha que fazer era contorná-la e seguir meu caminho. Let it go. Gostaria que tanta gente tivesse orgulho de mim. Esse é o meu problema.
Ontem eu tive minha segunda chance. E também a trigésima nona de enxergar que vai ver eu posso valer mais do que um dia já tenha imaginado. E não importa o que eu faça nada vai mudar os outros tantos fatos. Todas as vidas seguiram adiante.
Sim eu já sabia, mas insisti mesmo assim. Eu precisava sentir alguma coisa hoje, e o medo já seria alguma coisa. Sim, sim, antes de comprar o ingresso eu pensei: "Poderia assistir: 'Potiche Esposa Troféu', 'Meia noite em Paris', até 'Piratas do Caribe'. Mas eu escolhi, "La casa muda". Filme uruguaio de suspense/horror/terror, com orçamento de US$6.000,00, 'apareceu' em Cannes, filmado com uma câmera digital (será?) em uma só tomada,baseado em fatos reais. Parece que um remake americano já foi rodado.
Fiquei com mais medo do 'tiozinho' sentado duas cadeiras depois da minha , do que do filme propriamente dito. A câmera no início do filme dá tontura, acho que se contar o tempo de diálogo no filme todo deve rolar apenas uns 10 minutos.
"La casa muda: Miedo real en tiempo real".
Eu não entendi o enredo direito, definitivamente está faltando alguma coisa que explique como foi possível. Rolava esquizofrenia?
Não sei.
De qualquer forma, creio que o Johnny Depp pode ser, quase sempre, a melhor opção.
Quem explica essa nova onda de pessoas andando na rua ou no vagão do metrô, ouvindo música pelo celular sem fone de ouvido? O repertório é bem variado, pagodinho meloso, funks de vigésima categoria, sertanejo universitário... às 07 da manhã.
É só no meu bairro? Ou apenas no trajeto do metrô "Carrão-Sé"?
Sexta-feira, na fila para pagar o almoço, a moça pergunta:
-"É 'Melancia'?"
Respondo após olhar, rapidamente, minhas unhas:
-"Não! É 'Biquini vermelho'..."
Não havia esta preocupação ou vaidade em minha vida. Para mim, o suficiente era: cortar semanalmente, empurrar a cutícula e lixar as unhas. Mas, como existe uma primeira vez para tudo, há cinco meses tenho ido ao salão aos sábados. Segui, para dizer a verdade, a sugestão/conselho de um homem. Na primeira semana, estava no elevador e uma colega do trabalho perguntou:
-"Deixa eu ver sua unha? Que cor é essa?"
As pessoas reparam, as mulheres mais.
O que mudou em minha vida? Basicamente, sinto-me mais feminina.
Quem diria? Elegi minhas cores favoritas e o ritual continua:
Digamos que estou só, assim, cuidando do meu próprio jardim, e esperando que floresça um dia. Ai, que brega!
Outro dia conversando sobre felicidade: como chega, o quanto dura, e outras 'cositas mas', o Juani mandou algo como: "Acho que a felicidade é como a onda do mar". Auto explicativo.
Últimas:
Finalmente peguei o certificado da pós graduação, ciclo encerrado hoje. Quase que o TCC não saiu, mas graças a generosidade da Carline, que me emprestou o notebook e me incentivou a terminar aquela pendência, consegui.
A minha alegria atravessou o mar
E ancorou na passarela
Fez um desembarque fascinante
No maior show da terra
Será que eu serei o dono dessa festa
Um rei
No meio de uma gente tão modesta
Eu vim descendo a serra
Cheio de euforia para desfilar O mundo inteiro espera
Hoje é dia do riso chorar Levei o meu samba pra mãe de santo rezar
Contra o mal olhado eu carrego meu patuá Eu levei ! Acredito
Acredito ser o mais valente nessa luta do rochedo com o mar
E com o ar!
É hoje o dia da alegria
É a tristeza, nem pode pensar em chegar
Diga espelho meu!
Diga espelho meu
Se há na avenida alguém mais feliz que eu Diga espelho meu
(Samba-enredo da União da Ilha no carnaval de 1982. De autoria de Didi e Mestrinho)
Voltei ao Rio depois de quase quatro anos, não é novidade que amo aquela cidade.
Foram três dias de sol intenso, com direito ao show do Monobloco na Fundição Progresso, primeira visita ao Pão de Açúcar, tomar sol em Ipanema e voltar à Santa Tereza.
Andando pelas ruas do Catete, me sentia em casa. Foi um break no cotidiano do verão na selva de pedra.
Ótima companhia de, minha querida amiga, Noêmia. Estávamos lá, firmes e fortes aguardando durante duas horas o show,"super pontual", do Monobloco. Mas valeu a pena, o som estava incrível assim como da primeira vez que assisti ao show na festa da Saideira da Bohemia em Sampa. Pulamos, dançamos e cantamos absurdamente ao som daquela bateria contagiante!
Tostando os pés, sem ter noção. A louca dos pés torrados!
Finalmente sinto a volta de certo equilíbrio. Constato o óbvio, tão difícil de enxergar há poucos meses atrás, e é como o ditado diz: "Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe". E assim que a felicidade, a tristeza, o equilíbrio ou a insanidade bater, vou mesmo é correr pro samba.
Entrei na sala do cinema vazia e pensei que assistiria ao filme sozinha. Mas na sequência, as pessoas começaram a chegar. Fiquei pensando no tipo de pessoa que assistiria ao filme às 13h30 no shopping center do bairro em que moro e a resposta veio no final do filme, ouvi o comentário: "Que droga de filme!". Cada um, cada um.
Li algumas críticas sobre o filme ontem, sobre a intepretação da Natalie Portman e a direção dos filmes de Darren Aronofsky. Atingir a perfeição e lidar com a pressão em uma carreira extremamente competitiva me parece muito claustrofóbico, mas é o tipo de filme que me atrai. Natalie Portman é mesmo incrível, desde sempre, desde "O Profissional" de Luc Besson até "Closer", e agora em "Cisne Negro".
Cada um, cada um e "Black Swan" apesar de meio dark, iluminou meu sábado.
1º: Em 2.009 assisti um programa na MTV que contava as novidades sobre filmes. Em pouco tempo haveria a estréia do filme sueco "Deixa ela entrar" (Låt Den Rätte Komma In), e o crítico contava que a versão americana do filme já era cogitada, porquê os americanos não gostavam de assistir filmes legendados.
2º: Hoje pedi uma entrada para "Cisne Negro" às 13h30, e recebi um aviso: "É legendado". Respondi: "Tudo bem", mas perguntei na sequência: "Mas, as pessoas não gostam de filmes legendados neste cinema?", a resposta: "Isso mesmo, eles preferem dublado. Dizem que não conseguem ler e prestar a atenção no filme".
Sábado desses fui ao cine. Assisti ao documentário "José e Pilar", na companhia da querida Carline. Neste exato momento, penso em uma frase da Carline, algo como: "Todo mundo já sabe o final da história"... Não, não é sobre o documentário (por sinal, muito belo), é sobre a vida, mas tem a ver com o Saramago: "Morte, o fim da vida, ter estado e já não estar".